Mundo
Por Juliana Américo e Tássia Kastner
Existe um novo maior banco do país na praça. O Nubank emplacou a sua venda de ações na Bolsa de Nova York (NYSE) e foi avaliado em US$ 41 bilhões, acima dos US$ 37,9 bi do Itaú. No fim, foi uma margem relativamente apertada. Quando o neobank começou a se mexer para estrear na bolsa, chegou a mirar uma avaliação de US$ 100 bilhões, mas a realidade se impôs. Ajustou para US$ 50 bi e depois ainda precisou reduzir em 20% o preço pedido por cada ação posta à venda.
Ainda assim trata-se de um feito. É que o IPO saiu em plena crise das fintechs nas bolsas americanas. A Stone, cujas ações são negociadas na Nasdaq, acumula tombo de quase 80% neste ano. A PagSeguro, vizinha de NYSE, cai 50%.
O jogo começa de verdade na sexta, depois do toque da campainha, quando as ações passam a ser negociadas em Nova York – na B3, há BDRs. Aí a comparação com o Itaú e outros bancões deixa de ser por valor de mercado, mas pela capacidade de gerar lucro ao acionista, algo que o roxinho ainda não faz.
Vai ficar mais difícil agora que os juros aceleraram no país. Na noite de ontem, o Banco Central elevou a Selic para 9,25% ao ano e indicou um novo aumento de 1,50 ponto porcentual. O comunicado teve um tom de alarme: o BC reconheceu que está difícil conter a inflação no país.
O mercado ainda processa a informação. Isso porque as expectativas para a alta de preços estão bem descontroladas, mas o país caminha para uma recessão. A Faria Lima se queixou da pouca ênfase do BC nesse fato, ainda que a missão de Roberto Campos Neto e sua turma seja exclusivamente com os preços.
Para bancos, juros mais caros têm potencial de elevar o lucro, mas só para quem tiver bastante dinheiro em caixa para emprestar. É que dinheiro é a matéria-prima do crédito: se ela fica mais cara, é preciso cobrar mais caro do cliente. Só que juro maior no empréstimo significa menos gente com capacidade de tomar dinheiro emprestado. Aí fica mais difícil ganhar com a operação.
O susto do Copom na inflação arrisca impor uma pausa na sequência de cinco altas da bolsa brasileira. E o mundo não parece colaborar. Depois de três pregões de alta lá fora, os contratos futuros das bolsas americanas sinalizam uma queda. Não há uma grande novidade para justificar a virada de mão dos investidores. A megaincorporadora Evergrande oficialmente deu um calote – mas os índices asiáticos fecharam em alta. Na Europa, a pausa no ciclo de altas é atribuída às medidas restritivas impostas pelos países ricos para conter a pandemia. Tudo indica que será um dia para colocar um lucro no bolso. Boa quinta.
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